Após queda do 7º ministro de Dilma, líder do PSDB cobra punição dos responsáveis por malfeitos

Parafraseando o ex-presidente Lula, nunca antes na história deste país tantos ministros saíram de um governo sob acusações de irregularidades. Com o pedido de demissão de Carlos Lupi (Trabalho), são sete que deixaram o governo Dilma desde junho, sendo seis suspeitos de atos incompatíveis com o cargo que ocupavam.

Desde 12 de novembro o presidente licenciado do PDT foi alvo de várias denúncias, começando pela acusação de ter viajado em avião pago por dono de ONGs acusadas de fraudar o próprio Ministério do Trabalho. A revelação de sucessivos malfeitos levou a Comissão de Ética da Presidência da República a recomendar a demissão de Lupi semana passada, providência que a presidente ignorou. Apesar da leniência da petista, Lupi não resistiu às pressões vindas inclusive de integrantes do seu partido e entregou o cargo na noite deste domingo.

Logo após o anúncio, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou pelo Twitter que a saída tardia não basta. “É preciso investigar as denúncias, que são muitas, punir os responsáveis e recuperar os recursos desviados. As denúncias mostram que havia um modus operandi na pasta, que consistia na cobrança de propina de ONGs e para aprovar o registro sindical. É um esquema pós-mensalão, que se revela alastrado pelo governo”, avaliou o deputado.

A cronologia da saída de ministros, iniciada em junho, revela que a petista não soube montar sua equipe do primeiro escalão que tomou posse em janeiro. A sequência de quedas começou em junho, quando Antonio Palocci, titular da Casa Civil e principal coordenador da campanha de Dilma, não soube explicar como multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010. Envolvido em recebimento de propina, o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, deixou o cargo após a revista “Veja” revelar que a taxa cobrada de empreiteiras era repassada ao PR. A crise se intensificou com a acusação de que seu filho, Gustavo Morais Pereira, teria aumentado o patrimônio de forma suspeita.

Nelson Jobim (Defesa) foi o único que caiu por discordar politicamente do Planalto. Ele fez críticas às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Em entrevista à revista “Piauí”, Jobim afirmou que Ideli era fraca e Gleisi não conhecia Brasília. As denúncias de corrupção não cessaram. Em novo escândalo, o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, tornou-se o quarto a deixar a Esplanada. Ele teria feito viagens particulares em jatinho de US$ 7 milhões pertencente à Ourofino Agronegócios, que tem como sócio um assessor especial do ministério. A empresa foi responsável pela campanha de vacinação contra a febre aftosa promovida pela pasta em 2010.

Em agosto, a Operação Voucher, da Polícia Federal, prendeu 36 pessoas acusadas de participar de esquema de corrupção no Turismo. As suspeitas levantadas recaem sobre um convênio assinado pelo órgão e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura sustentável (Ibrasi). O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou irregularidades no convênio, que previa o repasse de R$ 4,4 milhões para qualificar 1.900 profissionais de turismo no Amapá. Na ocasião, foi Pedro Novais (Turismo) quem saiu pela porta dos fundos.

Em outubro, Orlando Silva (Esporte) pediu demissão após ser alvejado por uma série de denúncias de corrupção. Ele é suspeito de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que repassa verba a ONGs para incentivar jovens a praticarem esporte. A acusação foi feita pelo policial militar João Dias Ferreira à “Veja”. Calcula-se prejuízo de R$ 40 milhões nos últimos oito anos aos cofres da União. E agora, na reta final do primeiro ano de mandato de Dilma, Carlos Lupi completa o time dos que pediram para sair após sucessivas denúncias.

Fonte: Diário Tucano

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